'Ninguém conhece o vampiro': livreiro, atriz e editora relembram detalhes da vida discreta de Dalton Trevisan

  • 10/12/2024
(Foto: Reprodução)
Escritor vencedor dos prêmios Jabuti e Camões morreu no fim da noite de segunda-feira (9), em Curitiba. Há anos ele levava vida reclusa na capital. 'Ninguém conhece o vampiro': relembre detalhes da vida discreta de Dalton Trevisan Se por um lado as obras de Dalton Trevisan são nacionalmente conhecidas, por outro, a vida escritor foi um mistério. Em 99 anos de história, o Vampiro de Curitiba, como era conhecido por conta uma das suas obras mais famosas, viveu sem dar muita atenção aos holofotes. Por isso, as curiosidades e detalhes da sua trajetória precisam ser contados pelos que tiveram a sorte de conhecê-lo. Trevisan, vencedor dos prêmios Jabuti e Camões, morreu na segunda-feira (9). Em suas obras, o contista retratou a capital paranaense, sua terra natal, de forma enxuta e, muitas vezes, sarcástica. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp ✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram A atriz Guta Stresser tinha 19 anos quando encenou a peça de teatro o Vampiro e a Polaquinha, inspirada no romance 'A Polaquinha' (1985), de Trevisan, que também dirigiu a encenação. Para ela, um desafio: a atriz estava no início de carreira, admirava as obras do vampiro e, inclusive, tinha parentesco com ele – Dalton era sobrinho-neto da avó do pai de Guta. Atriz Guta Stresser participou de obra de Dalton Trevisan aos 19 anos de idade RPC A atriz lembra que o próprio Dalton acompanhava os ensaios da peça e, apesar de não falar muito com os atores, era rígido com o texto, sem permitir alterações. "Ele não era de falar muito, pelo menos com a gente. Acho que quando Dalton tava eu nem levantava muito o olho assim, sabe? [...] Um desafio, sem dúvida, fazer como tá escrito, mas um desafio bom, digamos assim. Desafio que dificulta para mim como atriz, tipo assim. 'Ah tá, entendi, o autor que inclusive está vivo entre nós, não quer que mude uma vírgula do que ele escreveu.' Façamos como ele escreveu." Mais sobre Trevisan: por que escritor era conhecido como o 'Vampiro de Curitiba'? O livreiro Aramis Chain, dono de uma famosa livraria na capital paranaense, foi outra pessoa a ter contato com Trevisan, em diversas ocasiões. Ele conta que o escritor frequentava o estabelecimento dele e pedia discrição sobre a presença. O livreiro lembra que, quando pessoas o abordavam, Trevisan ficava aborrecido. "Ninguém conhece o vampiro e por isso que ele é chamado vampiro de Curitiba. Eu respeito o modo dele ficar recluso nesse sentido, então não me permito, e ele também me pediu, para não falar sobre a vida dele." Aramis Chain, dono de livraria que Dalton Trevisan frequentava em Curitiba RPC Leia também: Luto: Dalton Trevisan, um dos maiores contistas do Brasil, morre aos 99 anos A representante editorial de Trevisan, Fabiana Faversani, teve muito contato com o escritor e, por conta da relação profissional, tem acesso a um vasto acervo dele. Além de ser uma conhecedora de curiosidades da vida do curitibano. Fabiana contou, por exemplo, que Trevisan não era fã da alcunha de vampiro, mas entendia o motivo e a aceitava. O apelido pegou, segundo ela, por conta do personagem Nelsinho, protagonista da obra, lançada em 1965. Fabiana Faversani, representante editorial de Trevisan, guarda tesouros do Vampiro de Curitiba RPC Fabiana também contou que, no início da carreira, Trevisan trocava cartas com Carlos Drummond de Andrade, poeta carioca que foi um colaborador da Revista Joaquim, publicada por Trevisan entre 1946 e 1948. "O Drummond era muito generoso. Apontava caminhos, sugeria leituras. Fazia críticas, falava 'você já leu tal autor?'; 'você está indo muito bem, você é jovem...' Inclusive ele sugeria cortes." As sugestões de cortes feitas por Drummond, inclusive, moldaram uma das características literárias de Trevisan. Fabiana conta que o escritor curitibano passou a vida reeditando os próprios textos, que, muitas vezes, davam origem a outras obras. Entre os mais de 800 contos, ele pegava algumas frases e transformava em contos separados. "A gente consegue ver uma evolução, ele próprio se corrigindo, pensando o texto." Acervo de Trevisan tem escritos de Carlos Drummond de Andrade, poeta com quem trabalhou e trocava cartas RPC Vida e morte Raros registros fotográficos de Dalton Trevisan RPC Trevisan nasceu em 14 de junho de 1925, em Curitiba. Em 1970, passou a viver de maneira reclusa e poucas pessoas tinham acesso a ele. Em 2007, em um raro registro, Trevisan foi clicado pelo fotógrafo Alberto Viana, que viu o escritor carregando sacolas na Rua XV de Novembro. Dalton Trevisan: veja uma das únicas fotos do escritor paranaense que venceu Prêmio Camões Foto cedida/Alberto Viana Em 2021, o escritor deixou de morar na casa que se tornou ponto turístico para interessados em literatura, na esquina das ruas Ubaldino do Amaral e Amintas de Barros, no Alto da Glória. Desde então, ele morava em um apartamento no Centro de Curitiba. A família informou que não haverá velório de Trevisan. O corpo será levado diretamente para o crematório Vaticano, em Almirante Tamandaré, na Grande Curitiba. O escritor Dalton Trevisan em imagem de 1976 Estadão Conteúdo Vídeos mais assistidos do g1 PR Leia mais notícias em g1 Paraná.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2024/12/10/ninguem-conhece-o-vampiro-os-detalhes-da-vida-discreta-de-dalton-trevisan.ghtml


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